Ana Flávia Crispim

HISTÓRIA ANTIGA E LIVRO DIDÁTICO:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Ana Flávia Crispim Lima



Um dos maiores desafios enfrentados pelos professores ao deixarem o meio acadêmico e entrarem em contato com o Ensino Básico é a chamada "Transposição Didática" (Bittencourt, 2011, p. 35-37), que segundo Bittencourt, é a forma pelo qual os professores irão passar para seus alunos os conteúdos acadêmicos em conteúdos que possam ser aplicados no Ensino Básico, (Ensino Fundamental e Médio) já que a forma de "escrever" e "pensar" a História é diferente em ambos os casos.

Atualmente a História, quer seja como disciplina acadêmica ou como disciplina básica, está passando por um processo de adaptação às inovações tecnológicas. Logo, a História, como disciplina, precisa encontrar formas de "sobreviver" nesse mundo. Segundo os PNC´s (Parâmetros Curriculares Nacionais) é preciso que se leve em conta a opinião dos alunos, os seus questionamentos e o modo de viver dos mesmos, tentando aproximar os fatos ocorridos à realidade vivida e para que haja uma melhor compreensão dos alunos sobre o que é ser sujeito histórico e se entenda como tal.

Em pleno século XXI, se tratando do ensino de História, um dos temas mais difíceis de ensinar é a História Antiga, já que entre diversos motivos, esta não é muito "querida" pelos alunos, os quais questionam o porquê de estudar uma "coisa" que aconteceu há muito tempo (considerada tão distante da nossa atual realidade) e que para muitos não tem nenhuma influência nos dias atuais e também por ser vista como algo exótico, diferente (Silva, 2010, p.145). Esses conceitos apresentados pelos alunos decorrem da falta de exposição de uma aula de História Antiga bem feita. No entanto, os professores têm muita dificuldade em obter essa aula necessária. Um dos principais motivos que contribui grandemente com essas dificuldades são da estrutura do livro didático. O livro didático, tal como se apresenta hoje estruturado, é um instrumento pedagógico eficaz quando se trata de ensinar os conteúdos de História Antiga? Ou, dito de outro modo, o professor do Ensino Fundamental/Médio ao ensinar os conteúdos de História Antiga, pode apoiar-se com segurança no material mais recorrente à sua disposição, que é o livro didático?

Analisando essas questões podemos notar a presença de inúmeras informações errôneas e bastante desatualizadas, bem como uma quantidade alta de simplificações que comprometem o estudo da disciplina por parte dos alunos, que muitas vezes, torna-se enfadonho de se ler. Baseados nos escritos do Dr. Gilvan Ventura da Silva(2010), podemos ver que a falta de compromisso com a definição prévia e clara dos conceitos empregados na explicação de determinados processos históricos, torna-se particularmente grave se tratando de História Antiga. Segundo Silva (2010) muitos dos termos utilizados pelos especialistas ou não fazem parte do vocabulário habitual dos alunos, ou não possuem o mesmo significado que a linguagem corrente lhes atribui no presente. É fundamental atentar, se o significado é baseado no período antigo, extinguindo conceitos contemporâneos, que muitas vezes se difere e só serve para confundir a compreensão do estudante. Os professores do Ensino Fundamental e Médio não buscam, muitas vezes, acompanhar as discussões recentes acerca da produção científica na sua área por meio de leituras mais recentes, o que os leva a submeterem-se passivamente ao saber condensado nos livros didáticos (LIMA, 1998, p. 196). Como afirma Bárbara Freitag (1989, p. 124), o livro didático não é visto como um instrumento de trabalho auxiliar na sala de aula, mas sim como a autoridade, a última instância, o critério absoluto da verdade, o padrão de excelência a ser adotado na sala de aula.

É de suma importância que o professor use outros instrumentos de trabalho que vão ajuda-lo a tornar sua aula mais dinâmica. Pois, "a aula é do professor e não do livro. E o bom docente é livre, autônomo e procura sempre a melhor maneira de produzir conhecimento" (KARNAL, 2007, p. 158).

Em outras situações podemos observar também a utilização de conceitos que há muito tempo já foram superados ou redefinidos pela historiografia.Como exemplo, temos o uso já ultrapassado do conceito de classes sociais para tratar da Antiguidade, a famosa linha do tempo desenhada nos quadros por professores que ensinam para os alunos que a História é uma linha de causas e consequências. Ou ainda, o uso problemático do conceito de decadência para marcar o fim do Império Romano, já criticado por historiadores de renome, como Jacques Le Goff, que propõe o uso do termo desagregação (GONÇALVES, 2001, p. 05) dando a ideia de transformação que é mais próxima do que a ruptura total.

Mais um conceito usado em livros didáticos e bem discutido nas pesquisas historiográficas é o de Alto e Baixo Império Romano, onde denotam, para os alunos, o sentido de momento de auge e queda, sem refletir sobre a História enquanto transformação. Há historiadores como Peter Brown (O Fim Do Mundo Clássico, 1972) que propõe o uso do termo Principado em substituição ao Alto Império, para marcar os três primeiros séculos do Império Romano e Antiguidade Tardia, para marcar já o momento em que as estruturas politico-administrativas de Roma estavam sendo transformadas, como elementos típicos do período seguinte, o Medievo.

Ventura, sobre o conteúdo de História Antiga, classifica a sua estrutura geral, de duas maneiras: o levantamento de forma panorâmica de todas as civilizações antigas orientais e ocidentais, ou buscando aproximar o mundo contemporâneo do passado. E, em seguida, expõe as consequências dessas estruturas ensinadas alegando que ao tentar sintetizar, as informações acabam perdendo o seu contexto geral. E por fim, nos mostra uma possível opção, que, classificada por ele como razoável, seria o de analisar um conteúdo menos extenso, aprofundando mais no assunto (VENTURA, 2001, p.127-128)

Portanto, como já vimos, a quantidade de anacronismos, erros, simplificações, juízos de valores e, principalmente, falta de atualização dos assuntos tratados dos livros com as pesquisas na área de História Antiga, é enorme. Mas, embora haja muitos livros de História com conteúdos desfalcados, há também ótimas publicações atuais de livros didáticos. Um exemplo disso seria o fantástico livro Grécia e Roma - Vida Pública e Privada, do Professor Dr. Pedro Paulo Funari (2008) onde alia as novas descobertas arqueológicas e suas interpretações históricas, com reflexões de pesquisas que trazem novidades em termos teórico-metodológicos.

Este livro é fácil de achar e de linguagem acessível até mesmo para um trabalho de analise e leitura por parte dos alunos de Ensino Médio. Uma outra obra de suma importância para o ensino de Historia Antiga desse mesmo autor é a obra Antiguidade Clássica. A História e a Cultura a partir dos documentos, Onde sua importância para o ensino didático é mostrar aos alunos como é o trabalho do historiador, de onde tiramos e como interpretamos as informações sobre o passado.

Mas para saber utilizar corretamente estes livros, e mesmo outros recursos, o professor de História precisa de criatividade, boa vontade e uma boa formação acadêmica, refletidas em praticas de ensino, estágios, atividades acadêmicas, cientificas e culturais e também pesquisas de Iniciação Cientifica feitas ainda durante a primeira formação na graduação.

Diversas vezes, anteriormente, mencionamos a necessidade do professor lecionar a História Antiga para os estudantes de ensino básico fazendo uma comparação com a contemporaneidade. No entanto, é preciso, antes de tudo, muita cautela com as comparações propostas, inclusive com o intuito de evitar anacronismos, um dos equívocos mais graves em se tratando do conhecimento histórico. Comparar realidades muito distantes no tempo e no espaço requer ainda um cuidado redobrado, pois no esforço de tentar tornar mais inteligível para os estudantes contemporâneos, processos muito recuados do tempo mediante a comparação com elementos do cotidiano, podem ser cometidas serias distorções.

Ao se relatar as experiências do passado, são pouquíssimos os livros didáticos que se atentam em deixar explicito ao mostrar de que muitos dos fatos narrados nas diversas civilizações apresentadas ocorreram de forma simultânea. Segundo Andréa Lúcia D.O.C. Rossi (1998) o que tem mais ocorrido é o de abrir capítulos para cada uma das civilizações. Como por exemplo, o surgimento, desenvolvimento e crise da sociedade egípcia, o surgimento, desenvolvimento e crise da sociedade mesopotâmica, o surgimento, desenvolvimento e crise da sociedade grega, o surgimento, desenvolvimento e crise da sociedade romana. Como se essas sociedades não tivessem interagido entre si.

Um recurso metodológico extremamente necessário no ensino de História Antiga são os mapas. O uso de filmes em sala de aula, desde que trabalhados com uma metodologia própria, se faz extremamente válido. Além dos filmes, imagens de monumentos da Antiguidade, de construções e objetos do uso cotidiano e mesmo de documentação escrita, são interessantes para o aluno visualizar mais de perto o que o professor fala.

Existe a necessidade de mostrar para os estudantes, a importância de aprender a História Antiga. Pois, "de olhos voltados às origens do espetáculo das ações humanas, e porque não,  a seus antecedentes, a História Antiga é capaz de orientar os mais diversos grupos sociais a visualizar o mundo presente de maneira crítica e cidadã" (ROSSI, RODRIGUES, s/d, p. 256).

Uma metodologia da aprendizagem eficaz para a disciplina que lecionam é aquela que permite ao aluno desenvolver três habilidades básicas: 1) compreender a realidade na qual se encontra inserido, a partir da problematização entre o presente e o passado, não esquecendo de evitar os erros mencionados anteriormente; 2) alcançar níveis mais amplos de abstração e de generalização; 3) posicionar-se de modo critico acerca dos processos históricos estudados.

Como vimos no decorrer desse trabalho, construir a História em sala de aula junto com os alunos não é uma tarefa fácil, entretanto, com muito esforço e dedicação e uma boa formação do docente, a tarefa se torna agradável e bem realizada. Para utilizar o Livro Didático com maior perícia e autonomia, seria necessário, no entanto, que o professor (nos referimos aqui ao professor de História, em particular) tivesse recebido uma formação minimamente satisfatória.

Especialistas em História Antiga, seria a solução para tais problemas enfrentados. Em face dessas modestas reflexões, gostaríamos de lançar aqui o convite para que se multipliquem os especialistas em História Antiga no Brasil, de modo que, no menor espaço de tempo possível, tenhamos condições de reverter tal situação, dando oportunidade para que os docentes habilitados pelas Universidades possam transitar com desenvoltura por todos os ramos do conhecimento histórico e fazer um livro didático que seja de fato formador, e não deformador.

Referências

BITENCURT, C. (Org) O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1997.
CABRINI, Conceição et al. O Ensino de História: Revisão Urgente. 4. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BITTENCOURT. Circe Maria Fernandes. Uma "Transposição Didática?" In: Ensino de História: Fundamentos e métodos -4 ed. ___São Paulo: Cortez, 2011- (Coleção docência em formação. Série ensino fundamental/ Coordenação Antônio Joaquim Severo, Selma Garrido Pimenta), p. 35-37;
FREITAG, B. et al. O livro didático em questão. São Paulo: Cortez, 1989.
FUNARI, P. P. A. Antiguidade Clássica. A História e a Cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da UNICAMP, 1995.
________. Grécia e Roma. Vida Pública e Vida Privada. São Paulo: Contexto, 2000.
________. " A Renovação da História Antiga" In: História Na Sala De Aula. 5 ed. São Paulo, SP: Contexto, 2008
________. A Importância de uma abordagem crítica da História Antiga nos livros didáticos escolares. Hélade, 2001, p. 25-29.
LIMA, S. C. F. de. O livro didático de História: instrumento de trabalho ou autoridade "científica"?. História e Perspectivas, Uberlândia, n. 18/19, p. 195-206, 1998.
MENDONÇA, N. O uso dos conceitos. Petrópolis: Vozes, 1985.
RADUCH, M.C. Temas de História em livros escolares. Porto: Afrontamento, 1970.

SILVA, Semíramis Corsi. Aspectos do Ensino de História Antiga no Brasil: Algumas observações. In: Alétheia; Revista de estudos sobre Antiguidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010, ISSN: 1983-2087, p. 145-155.


48 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. A própria autora, em seu texto acima, reconhece a necessidade de uma boa formação docente para a devida utilização do livro didático em sala de aula, portanto, no que concerne esse entendimento penso que a autora está correta, visto que, o livro didático não deve ser utilizado como material primeiro - pois não consegue dar conta das entrelinhas -, ou seja, a base do professor para instrumentalizar suas aulas, mas sim ser um material que sirva para complementar a aula e metodologia de ensino. À vista disso, o docente deve realizar seu planejamento de aulas e conteúdo extra livro didático e utilizar este apenas como complemento, pois a maioria, senão todos, os livros estão apegados em um modelo positivista de sintetizar ideias e amarrar fatos apenas por suas datas e nomes importantes. Em consequência desse entendimento, poderia os docentes utilizar mais conteúdos ilustrativos, como o cinema visto em sua perspectiva interna a ser trabalhado e extraído contextos históricos dele? Porque não alguns docentes saírem do comodismo oferecido pelo livro didático e levar fontes para os alunos interpretarem?
    Att,
    José Walter Cracco Junior.

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    1. Suas colocações são excelentes. É necessário ressaltar, que o livro didático é um instrumento que auxilio. Além das medidas que você colocou, acredito que trabalhar a questão da imagem no livro, da qual eu noto que o professor não explana essa fonte tão rica e interessante para os alunos.

      Ana Flávia Crispim Lima

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  3. olá Flávia, ótimo texto!
    Você relatou que a história antiga não é muito "querida" pelos (as) alunos (as) e atribuiu isto ao fato dos matérias utilizados não prestarem o suporte necessário para os (as) professores (as). Citou também alguns livros que podem ajudar a torna a aula de história antiga mais significativa para os estudantes. Diante disso gostaria de saber se você já teve alguma experiencia com esses materiais e sentiu dos (as) alunos (as) maior interesse pela história antiga? Pergunto isso por que nunca gostei de história antiga, nem durante meu tempo de aluna do 6º ano e nem quanto acadêmica do curso de história, e tenho medo de passar isso para meus (minhas) alunos (as). Porém gostaria de saber outras visões sobre o ensino de história antiga para aprimorar minha prática em sala de aula. Obrigada

    Giane Kublitski

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    1. Olá Giane, ótimas colocações.
      Sou graduanda do curso de História, esse pequeno artigo, foi o resultado de um projeto desenvolvido em uma escola, na qual o professor apontou o mesmo problema: a falta de interesse pelos alunos, e até mesmo do professor. As justificativas estão em torno de que são mundos muito diferentes, e para entendermos "o outro" enquanto crianças e adolescentes há essa dificuldade. Quando o projeto foi aplicado, utilizei diversos métodos tecnológicos. Como no colégio havia laboratório de informatica bem moderno e organizado, eu trabalhei alguns jogos onde os alunos se encantaram, pois a partir do momento em que eles jogaram, surgiram a curiosidade de saber sobre a história, dai eu entrava com a teoria. Foi muito prazeroso.

      Abaixo segue os links de alguns jogos bem legais para se trabalhar a História Antiga. Espero ter ajudado.

      https://om.grepolis.com/grepo/br?ref=igcom
      http://www.ojogos.com.br/jogo/vista-a-historia-grecia-antiga
      http://www.sohistoria.com.br/jogos/

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    2. Obrigada pela resposta, fico feliz em saber que projetos estão sendo realizados para tornar aplicação da história como um todo seja aplicada de forma que venha contribuir para formação do estudantes. Porém me preocupa um pouco que poucas escolas tenham acesso a salas de informatica como é caso dessa escola em especial. Fico feliz também saber que você conseguir atingir seus objetivos durante a aula. Obrigada pelas sugestões de jogos, nas escolas da minha cidade as salas de informatica não comportam ainda esse acesso a jogos, mas do mesmo jeito é sempre bom ter sugestões, quem sabe num futuro próximo eu tenha oportunidade de disponibilizar esses jogos para meus alunos e alunas .

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    3. Realmente, esse problema dos ambientes tecnologicos é muito presente em todo o Brasil. Fico feliz por ter ajudado...

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  4. Olá! Ótimo texto. Foi muito bem exposto a necessidade de livros didáticos mais atualizados. No entanto, estamos no momento de apreciação da BNCC,onde a principal crítica é a redução do conteúdo de História Antiga. Sendo assim, gostaria de saber se não corremos o risco de termos materiais de apoio mais defasados?

    Muito obrigada!

    Daniele Pereira Coelho Nogueira.

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    1. Olá,

      Temo que isso vai acabar acontecendo...
      A redução de História Antiga e Medieval, por mais que criticada por ser a História eurocentrica, vai prejudicar, ao meu ver, o entendimento do aluno enquanto ao processo histórico do desenvolvimento humano. Com essa diminuição, vai caber ao professor decidir como abordará esse tema em sala de aula.

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  5. Interessante o comentário da Giane e sua sinceridade ao expor que nunca gostou de História Antiga. O historiador não precisa saber 100% de tudo e se interessar por todo tema historiográfico. Assim, vejo mais pelo lado da especialização do professor, não sendo o mesmo obrigado a dar aulas sobre um tema que não se interesse, como em qualquer profissão. Assim, cabe ao professor identificar seu foco e seguir sua carreira neste sentido.

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    1. Realmente, não somos obrigados a saber 100% da história. Isso é impossivel. Mas se nossa política foi influenciada no modelo da Antiguidade, é interessante ser ensinada para os alunos. Reafirmo que a nova proposta da BNCC é relovucionária, pois vai retirando as visões eurocentricas, que tanto nos permeiam, para cada vez mais dar voz para a nossa História. O professor deve ter essa autonomia.

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  6. Ana, você acha que a História Antiga não é "querida" pelos alunos ou a pergunta deles sobre o por quê aprender sobre essas civilizações antigas não refletem uma formação deficitária em relação a compreensão à História. Ora, tenho percebido um enorme interesse dos alunos por mitologia e filmes relacionados a História Antiga. O que você acha?

    Um abraço,

    José Antônio Lucas Guimarães

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    1. olá,
      Bom, a minha fala se baseia no Estado de Goiás, especificamente na Região de Trindade, onde os colégios são de periferia. Diversas vezes fui questionada do motivo de ensinar História Antiga, pois as dificuldades daquela região não tinham o minimo de preocupação com essas questões. No entanto, acredito que mudou-se muito. Já me sinto motivada para refazer essa pesquisa no mesmo colégio, pois também vejo essa mudança. Acredito que o que mudou foi o meio abordado sobre esse período, no qual na minha pesquisa, notei que era sobre a História Política, que mesmo sendo influência para a nossa ideologia de "Democracia", não era aceita pelos alunos por serem muito diferentes. Hoje já noto essa abordagem mitologica, da qual acredito ser bem mais interessante para os alunos.

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  7. Ótimo texto Ana Flávia! Muito bom mesmo! Achei muito interessante a colocação no que se refere a uma certa "carência" por assim dizer nos profissionais que trabalham especificamente nessa área. Digo isso a exemplo do meu curso que em sua maioria possui futuros professores de História todos ligados profundamente a temas contemporâneos. Eu particularmente sempre fui apaixonada por Antiga e Medieval e pretendo continuar nessa área.
    E penso na seguinte questão:
    O acesso a fontes antigas já esteve mais difícil em vários momentos. Digo isso porque hoje existem muitas instituições que, por meio de plataformas digitais, disponibilizam conteúdos de manuscritos antigos e pinturas na íntegra para visualização e também para download. Diante disso, e diante da "conectividade em rede" a qual os alunos hoje estão inseridos, nos é possível pensar como trabalhar o conteúdo de História Antiga fazendo uso das novas tecnologias visto a carga horária a qual os professores são submetidos?

    Parabéns pelo texto!

    Ass.: Camila Aparecida de Souza

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    1. Olá Camila,

      Sua sugestão é muito interessante, já penso em usar esses metodos em minhas aulas. Nossos alunos estudam a História por vários anos, mas há uma carência por parte dos professores, de ensinar na prática, como se analisa um documento, quais são os procedimentos de um historiador... Importante pois ouvimos eles mesmos falando disso, quando reclamam que as aulas de Histórias, se limitam a textos gigantes nos quadros, ou que não conseguem entender o que é História...

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  8. Se os livros didáticos fossem atualizados anualmente com todas as novas descobertas arqueológicas e de uma forma mais homogênea e menos fragmentada, isso ajudaria na aplicação das aulas de história Antiga, claro que ainda seria um material de apoio, mas se tornaria ainda mais útil dentro da sala de aula, você acha que isso poderia melhorar a qualidade dos livros didáticos de história??
    Ass: Rafael Ferreira Tomaszevski

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    1. Olá Rafael,

      Sim. Acredito. Um dos problemas em que vejo na elaboração dos livros didáticos é que eles não escritos por Históriadores, acredite, pesquisei o curriculo de todos os livros analisados e foram exceções encontradas. Se os professores pesquisadores especificos em sua área, escrevessem, os livros, sem dúvidas teriamos excelentes colaborações para o ensino do aluno.

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  9. Prezado, belas colocações. Você acredita que o uso de fontes primárias no estudo da antiguidade poderia ajudar no ensino da história antiga? O que acha da possibilidade de acabar com o ensino de história antiga no Ensino Fundamental e Ensino Médio?
    Marlon B. Ferreira

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    1. Olá Marlon,

      sobre utilizar as fontes primárias, foi o que eu disse pra Camila. Nossos alunos estudam a História por vários anos, mas há uma carência por parte dos professores, de ensinar na prática, como se analisa um documento, quais são os procedimentos de um historiador... Importante pois ouvimos eles mesmos falando disso, quando reclamam que as aulas de Histórias, se limitam a textos gigantes nos quadros, ou que não conseguem entender o que é História... Sobre a retirada, vejo lados positivos e negativos. Penso que a retirada da História eurocentrica é bem necessária, mas acredito que isso vai gerar muitas dúvidas quanto as origens das civilizações, pois não temos fontes além da européia em relação ao "inicio", o que falaremos para os nossos alunos?

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    2. Muito Obrigado.
      Marlon B. Ferreira

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  10. Começo meu questionamento, com uma frase interessante, que sempre me vêm a cabeça, quando estudo História Antiga, ou leio um livro a cerca desta:Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la, (Ernesto Che Guevara a disse, mas a frase original é de Edmund Burke). O professor, deve, claro, utilizar de instrumentos além do livro didático, para apresentar aos seus alunos, o maravilhoso e intrigante desafio que é o Estudo da História, principalmente, da História Antiga, mas não vejo, como um instrumento, menos importante, o livro, o vejo, como um grande auxiliador, quando escolhido corretamente, mas quem o escolhe, cabe, claro, conhece-lo, tão bem, quanto a banca avaliadora. Pois bem, ressalto aqui, a importância, dos meios, mas o professor, deve ser a luz, em sala de aula, deve ser, mesmo andando em paralelo, com o aluno, o detentor do conhecimento, o facilitador do entendimento, e para isso, deve conhecer seu trabalho, deve, acima de tudo, ser um voraz leitor, pois as perguntas, nunca deixaram de existir, e elas sempre serão direcionadas ao professor.
    MARCOS ANTÔNIO DE OLIVEIRA FERNANDES

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  11. Essa frase do Che Guevara justifica toda as minhas falas anteriores. Excelente comentário Marcos.

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  12. Interessante a abordagem do tema História Antiga e sou professora do ensino fundamental e percebo em minhas aulas que os alunos gostam muito do tema mas na perspectiva que você relatou "curiosidade", mas ao mesmo tempo tento passar da forma pela qual eles compreendam os fatos históricos e reflitam nos dias de hoje. Acha que deveríamos trazer mais os textos acadêmicos de uma forma mais simplificadas para as aulas? Mais documentos?
    Daniela Rodrigues Françoso

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  13. Olá Daniela, acredito que as fontes documentais sim. Sobre os textos acadêmicos, penso que a nossa função, enquanto históriadoras, é de basear as nossas aulas em autores acadêmicos.

    Abç

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  14. José Petrúcio de Farias Jr.9 de março de 2016 às 05:34

    Bom dia,

    Penso que seja indispensável o uso de fontes históricas em sala de aula. É aconselhável que o docente construa um roteiro de leitura que ofereça aos estudantes certa margem de liberdade para que eles mesmos se posicionem diante dos conteúdos estudados.
    Este roteiro de leitura deve ter um eixo investigativo, ou seja, um 'problema' ou uma 'questão' a ser respondida pelo estudante ao final da situação de aprendizagem.
    É, a meu ver, extremamente inadequado utilizar as fontes históricas como material ilustrativo do discurso do docente ou do discurso do livro didático.

    Prof. Dr. José Petrúcio de Farias Jr.
    UFPI

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  15. Bom dia, o conceito histórico é único. Isso é inegável para a historiografia. Como o professor, em sala, passaria esse conceito em sua dimensão para os alunos?
    Fabricio Rodrigues sozar.

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  16. Bom dia Ana Flávia!
    Achei seu texto muito pertinente para se repensar as práticas em sala de aula como um todo e, mais especificamente, sobre o ensino de história antiga, que tem sido tão negligenciada.
    Há livros didáticos que trabalham o conteúdo por temas, como "sociedade e trabalho", por exemplo, onde se investiga esse tema em "toda" a história desde o mundo antigo.O que você acha dessa forma de trabalhar a história antiga o relacionado a várias épocas e contextos?
    Erika Derquiane Cavalcante

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    1. Olá Erika, infelizmente ou felizmente é a abordagem mais atual, mais ainda não tive o contato com ela. Acho que a História Social seria bem mais atraente para os alunos, mas vai de cada professor.

      Abç!

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  17. Boa noite Flavia; gostei muito de seu artigo.
    Como não tenho experiência com o livro didático e percebo que muitos acadêmicos tecem comentários negativos a essa ferramenta, gostaria de perguntar se já encontrou erros grotescos nestas obras? E percebendo também que pela sua fala alguns autores podem ser indicados, gostaria de saber de sua experiência com o livro didático.
    Elias vieira dos santos
    4º período do curso de historia FMU.

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    1. Olá Elias, sim achei vários anacronismos, e os alunos também, pois tento ensina los a saber criticar um documento . Minha solução é deixar eles verem o erro, e justificarem com bons argumentos o por que de estarem errados. O que acaba deixando eles mais animados ainda com o conteúdo.

      Att,
      Ana F. C. Lima

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  18. Excelente reflexão sobre o uso do livro didático na sala de aula. Concordo com a autora de que o livro didático serve apenas como uma base, mas não podemos nos esquecer que para muitos alunos o livro é a única fonte de estudo desses educandos, e que sendo raso gerará um conhecimento raso.
    Por outro lado precisamos pensar na qualidade de ensino que esses alunos estão recebendo, enquanto o professor precisar trabalhar em tres períodos por dia ele não tempo para trabalhar a continua construção de seu conhecimento e nem preparar corretamente sua aulas com reflexão crítica do processo de ensino e aprendizagem.

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  19. Despertar criticamente o aluno é um grande desafio para o professor de história. Como podemos, a partir do cotidiano atual, fazê-los problematizar questões ligadas à história antiga, sem cair em anacronismos? Como a sociedade poderia intervir no processo de elaboração dos livros didáticos, de modo a contemplar as questões mais caras à atualidade?

    Allan Themístocles Galdino Ferreira

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  20. EM SUA OPINIÃO QUAL SERIA A MELHOR MANEIRA DE AMPLIAR A QUESTÃO DA HISTÓRIA ANTIGA NO LIVRO DIDÁTICO?
    CRISTINA MENDES PUREZA

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    1. Olá Cristina,

      Me vejo com muitas dúvidas sobre isso. A proposta da nova BNCC é retirar o ensino de História Antiga e Medieval, me deixando em dúvidas sobre muitas questões.

      Att,

      Ana Flávia Crispim Lima

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  21. Boa tarde Ana Flávia,
    Como acadêmica do terceiro ano de História, tenho me preocupado com minha futura atuação em sala de aula e sobre a maneira com que conduzirei meu papel de intermediadora de um conhecimento que seja, ao mesmo tempo, importante para o reconhecimento do papel histórico do aluno e uma temática interessante para o mesmo.Quando você se refere a importância do professor se atualizar sobre as mudanças no olhar histórico, você acredita que o professor pode levar até a instituição escolar e ajustar o conhecimento adquirido na academia com as informações que o livro didático traz?

    Att, Luciana Vargas Jardim.

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    1. Olá Luciana,

      quando entrar no ensino você verá que depende muito da instituição que trabalhar. Existem algumas que são bem abertas a isso, outras nem tanto. Vai caber a você escolher e analisar bem o seu ambiente de trabalho. Boa Sorte.

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  22. Boa noite, Ana Lima.
    Seu texto é deveras provocador. Tocando no tema da prática de ensino-aprendizagem em sala de aula sobre Antiguidade a partir do livro didático. Fazer "links" sobre os conhecimentos prévios dos alunos com o assunto a ser trabalhado é primordial, mas isso não quer dizer que seja fácil. Por exemplo, ao tratar sobre escravidão na Atenas Clássica os alunos têm noção de que no Brasil houve escravidão. Em sua opinião, como tratar de escravidão na Grécia Antiga, uma vez que é extremamente difícil que os alunos não façam associação entre escravidão antiga e escravidão no Brasil?
    Levando em consideração que muitas vezes o próprio livro didático pode ajudar numa associação anacrônica entre os temas, seja no uso de imagens sem a devida explicação, seja por fazer afirmações do tipo “a democracia da Atenas Clássica tinha uma mancha, a mancha da escravidão”. Sem esquecer que a rotina de um professor de ensino básico é desgastante, quantidade absurda de alunos e turmas aliadas a carga horária de trabalho. Muitas vezes o livro didático pode ser o único material disponibilizado pela escola (pensando aqui o ensino nas escolas públicas), como também pode ser o único acesso de leitura que os alunos têm ou que se sentem na “obrigação” de consultar.

    Ass.: Thaílla da Silva Sena

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    1. Olá, Thailla,
      Acredito que o método da História Integrada veio para nos ajudar enquanto a esses problemas. Sobre ser dificil, realmente, trabalhar Antiguidade é o período mais complicado por conta das diferenças ideológicas.

      Agradeço o comentário.

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  23. Oi Excelente texto, gostaria de abordar um aspecto em relação ao uso do livro didático como principal, senão o único, recurso para o ensino de História nas salas de aula. Aqui temos duas realidades distintas e opostas mas que levam para essa mesma situação, de um lado o quadro caótico do ensino público, onde as condições de trabalho, a remuneração e até o ambiente são extremamente desfavoráveis, para a preparação de uma boa aula, e nessa realidade o livro didático disponibilizado pelo poder público, mesmo que muitas vezes insatisfatório, é o único recurso que o professor dispões para dar a sua aula, sem falar nas localidades onde ele representa a única fonte de pesquisa para um professor se atualizar. A outra realidade, que esta no outro extremo dessas posição, é o que ocorre nos colégios de elite dos grandes centros onde a industria do mercado editorial exercem um lobe poderoso, na disputa pelos clientes, as escolas particulares, dessa forma os livros saem a preços elevados, e a consequência mais visível disso é que os pais exigem que o professor utilize todo o conteúdo do livro, para justificar seu investimento no material,e ate reclamam quando este tenta uma abordagem diferente, dessa forma a escola "engessa" o professor para que siga a risca o conteúdo do livro, pois tem uma "clientela" a satisfazer. Em uma situação ou na outra temos o professor hora incapacitado, hora impossibilitado de ir além dos conteúdos dos livros didáticos. Então fica o questionamento, em sua opinião como a comunidade acadêmica, e a sociedade, pode contribuir para amenizar esse quadro. Abraço
    Aldo Bernal de Almeida Junior.

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  24. Otima exposição Aldo, esse infelizmente é o nosso dilema. Excelentes professores, querendo fazer um ensino diferente, porém de ambos os lados sendo limitados. Eu realmente não tenho uma posição frente a isso, pois ainda acho que é uma minoria acadêmica que em sua formação se atenta a essas questões, e a sociedade é a que mais pressiona quanto ao professor utilizar os livros didáticos em sala. É um problema a se pensar...

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  25. Olá Flavia, muito pertinentes sua colocações a cerca da História Antiga e da forma com que os livros didáticos trazem estes conteúdos.Acredito porém que com um pouco de empenho por parte do professor ele consegue superar essas lacunas dos conteúdos com o uso da tecnologia que nos traz inúmeros recursos. Agora quando o problema está na formação do docente como superar as dificuldades?
    Vanderléia de Almeida

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  26. Que outros instrumentos voce poderia elencar para tornar mais interessante o ensino da Historia Antiga? Vejo que voce sugeriu alguns jogos e tambem o uso de imagens (cinema) . O cinema é uma fonte interessante ? Quais outros instrumentos você tem conhecimento e pode sugerir?
    Carlos Alberto de Souza

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  27. Alfredo Coleraus Sommer11 de março de 2016 às 12:38

    -Voce falou sobre o uso de mapas que acho muito importante para localizar o aluno do que estamos falando ,porém esbarro em questões materiais ,pois minha escola nem projetor possui muito menos mapas.Compro materiais quando quero dar aula ou apelo para os celulares dos alunos.O que voce acha dessa total falta de investimneto na escola publica?Cobrar no Enem como?
    Alfredo Coleraus Sommer

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  28. Olá Flávia, muito pertinente suas colocações, parabéns pelo trabalho. Sou recentemente formada em Geografia, e durante meus estágios eu pude observar que determinados conteúdos são abordados superficialmente no Livro Didático, ou com conceitos desatualizados, como você bem colocou. Nesse sentido minha indagação é a seguinte: Como é abordada a História Antiga no Livro Didático, superficialmente? E caso o professor queira aprofundá-la, há tempo para isso, devido ao cronograma de conteúdos que comprometem a Educação Básica?
    Att, Marciane Bronoski

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  29. Olá novamente, Flávia, concordo plenamente com você, quando enfatiza em seu texto que o Livro Didático auxilia o professor, porém não deve ser o único recurso utilizado. No entanto temos que considerar que é o "único livro" ao qual o Educando tem acesso, visto que nem todos tem acesso a outros livros e a internet. Nesse contexto, gostaria de saber sua opinião como preencher essa lacuna, visto que aguçamos tanto esse debate na Universidade, como resolver isso?
    Att, Marciane Bronoski

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  30. Olá Ana Flávia, muito interessante seu texto, eu como estudante do curso de história tenho como história antiga uma das minhas prediletas, entretanto há considero também muito difícil de ensinar, tive a oportunidade em meus estágios de ministrar aulas desse período para os alunos do 6º ano do ensino fundamental, logo percebi a dificuldade, na minha opinião ensinar história antiga para alunos dessa faixa etária é muito complexo, pois se não estiver relacionado com a vida deles, não haverá interesse por parte dos alunos, penso eu que como os alunos de 6º ano estão tendo pela primeira vez aula de história com um professor formado em história,muitos acabam vindo como uma ideia errônea sobre o que é e por que aprender história, isso acaba que dificultando o trabalho, acredito que fazer os alunos entender o por que de se entender o passado e perceberem que são agentes históricos é de fundamental importância, para que em seguida eles posam entender um passado mais distante como no caso da história antiga, talvez história regional ou local seria mais viável para essa faixa etária. Gostaria de saber na sua opinião sobre isso, se de fato ensinar história antiga para alunos a partir de 11 anos é viável, ou prepará-los melhor para entender algo tão complexo, mas magnífico como esse período da história?

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